domingo, 22 de fevereiro de 2009

Denúncia




Qual tapetes de veludo
Campos e morros ondulantes
Desdobram-se quase desnudos
Em horizontes distantes

Quede as matas árvores e passarada
Quede as onças capivaras e guarás
Quede os bichos - não avisto nada
Cadê o matuto com seus caraminguás

Meus olhos de poeta já viram por aqui
Matas fechadas e vales de flores cobertos
Brancas azuis amarelas - beijadas por colibri
Choram hoje estes olhos diante de infaustos desertos

O ator do melodrama
Colheu daqui os tesouros
Só deixaram a fraca grama
Os homens da cobiça e dos ouros

Pobres - tolhidos das suas roças
Mudaram-se os campônios
Abandonando as palhoças
Vítimas de tantos demônios

Nessa terra machucada
Os arrebóis eram festa
Gorjeios e silvos - de madrugada
Bicharada em seresta

Agora que resta fumaça
Resta também um clamor
Do verde que se esfumaça
Pedindo socorro na sua dor

Coromandel/MG em 12.03.2008

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